EMERGÊNCIA - APH
Novo Protocolo com Mudanças Polêmicas
A última atualização do protocolo em vigor para RCP/ACE foi em 2005 e a mesma abordou a real necessidade de compressões torácicas de alta eficácia (depressão torácica entre 4 e 5 cm, e uma cadência de 30 compressões entre 18 e 23 segundos). Em 2010 houve um consentimento que a RCP é um fator determinante para o retorno da circulação espontânea e da sobrevivência com função neurológica satisfatória, por isso a frequência de compressões torácicas foi alterada para até 18 segundos e uma depressão torácica de pelo menos 5 cm (comprimir rápido e forte no centro do tórax, minimizando as interrupções).
No novo protocolo não houve alteração sobre a relação compressão-ventilação (30:2), porém a sequência de procedimentos (chave mnemônica) de suporte básico de vida de A-B-C (abertura de vias aéreas, boa ventilação, circulação/compressões) foi alterada para C-A-B (ou seja, circulação/compressões, abertura de vias aéreas, boa ventilação,) justificável por verificação de alta taxa de pessoas com PCR presenciada.
Neste público é essencial que se iniciem rapidamente as compressões a fim de aumentar sua sobrevida e não perca tempo com as ventilações, que, a partir do novo protocolo, se tornam secundárias no atendimento inicial. Com essas mudanças, as compressões terão início mais cedo e as ventilações terão atraso mínimo. A quantidade de ciclos se mantém inalterada (5 ciclos de 30 compressões torácicas para duas ventilações) independente da quantidade de socorristas.
Muitas mudanças estavam sendo aguardadas, porém a que mais causou polêmica e confusão é a verificação do procedimento “ver-ouvir-sentir se há respiração”, que foi abolido da sequência de avaliação da ventilação após a abertura das vias aéreas. Com a nova sequência, em substituição à técnica anterior, o enfermeiro offshore verificará rapidamente a respiração do paciente, com o intuito de confirmar sinais de PCR. O guideline também tem como novidade uma reestruturação da cadeia da sobrevivência e seus 5 elos (figura 1):
1- Reconhecimento da PCR e acionamento da faina de emergência;
2- RCP precoce, enfatizando o novo protocolo;
3- Uso do DEA assim que disponivel;
4- S.A.V.;
5- Cuidados Pós-PCR.
O 5° passo salienta o atendimento intra-hospitalar e é uma das novidades mais comemoradas do novo protocolo, divulgado pelo ILCOR (International Liaison Committee on Resuscitation) e validado pela AHA, que sistematiza os cuidados pós PCR, otimizando a função hemodinâmica, neurológica e metabólica, aumentando a taxa de sobrevivência à alta hospitalar entre as vítimas que obtiveram retorno da circulação espontânea (RCE) após a PCR.
Objetivos dos cuidados Pós PCR
1- Otimizar a função cardiopulmonar e a perfusão de órgãos vitais pós o RCE;
2- Remoção para estabelecimento de assistência à saúde apropriado;
3- Identificar e tratar a síndrome coronariana aguda;
4- Controlar a temperatura para otimizar a recuperação neurológica;
5- Prever, tratar e prevenir a falência múltipla de órgãos.
Caso seja visualizada uma situação de emergência na unidade offshore, o profissional de saúde deve dar presteza ao atendimento de urgência/emergência, verificando rapidamente se a vítima está sem respiração, com a respiração anormal ou respira normalmente.
Caso a vítima não esteja respondendo, nem respirando ou apresente respiração anormal o enfermeiro offshore deverá providenciar a instalação rápida do DEA ou determinar que um dos componentes dotrauma team o faça.
É necessário verificar o pulso carotídeo em até 10 segundos, e caso esteja ausente, deve ser iniciado imediatamente a RCP (sequência C-A-B).
Após a 1ª série de compressões torácicas, a via aérea é aberta e o socorrista aplica duas ventilações, em um total de 5 ciclos de compressões-ventilações, verificando após a possível presença de pulso carotídeo.
Caso não esteja presente, reiniciar o processo. O DEA deverá ser utilizado assim que houver ritmo chocável.
Resumo dos principais elementos de SBV
Elementos de SBV |
- Não responsivo - Sem respiração ou com respiração anormal - Sem pulso (verificação de pulso carotídeo em até 10 seg). |
Sequência de RCP |
C – A – B |
Freqüência de compressão |
Pelo menos 100/min |
Profundidade de compressão |
Pelo menos 5 cm |
Retorno da parede torácica |
Permitir retorno total antero posterior |
Interrupções das compressões |
Interrupções em no máximo 10 seg |
Vias aéreas |
- Elevação modificada da mandíbula (trauma) - Inclinar a cabeça e elevar o queixo (clinico) |
Relação compressão-ventilação |
30:2 independente da quantidade de socorristas |
Desfibrilação |
- Instalar o DEA à vítima assim que ele estiver disponível no local - Reiniciar a RCP com compressões imediatamente após cada choque |
Parafraseando Aristóteles: “Nós somos aquilo que fazemos repetidamente. Excelência, portanto, não é um modo de agir, mas um hábito”.
Desta forma, o treinamento se faz muito importante no ensino/aprendizado da capacitação em ressuscitação. O aluno deverá procurar instituições filiadas à AHA para desenvolver essas habilidades por meio de treinamento em manequins de RCP, com ajuda de vídeos e instrutores qualificados.
Referências:
1. Field JM, Hazinski MF, Sayre M, et al. Part 1 Executive Summary: 2010 American Heart Association Guidelines for Cardiopulmonary Resuscitation and Emergency Cardiovascular Care. Circulation 2010;122(18 Suppl 3).
2. American Heart Association. Destaques das Diretrizes da American Heart Association 2010 para RCP e ACE. [versão em Português]. Disponível em:
https://www.heart.org/idc/groups/heart-public/@wcm/@ecc/documents/downloadable/ucm_317343.pdf
Fonte: Enfermagem Offshore (André Rodrigues)
Enfermeiro do Trabalho
Instrutor da Sampling Planejamentos/ Macaé
Militar do Corpo de Bombeiros do Estado do Rio de Janeiro
Consultor e Colaborador do site Enfermagem Offshore